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quinta-feira, fevereiro 09, 2012

Contaminando o Próximo.


É tão chato né, quando vc sai de casa, com o céu azul te abençoando, os passarinhos cantando, a brisa batendo em seu rosto e fazendo voar os seus cabelos. Ou então, quando vc é careca e a brisa te lembra que vc tem uma cabeça lustrosa e feliz.

Em dias assim, dá vontade de fazer a Cinderela e dar bom dia aos ratos, aos pombos, às pessoas, ao vento e de sair cantando no meio da rua. Impossível manter essa vibe durante todo o dia.

Se vc ler jornal, esquece; se vc topar com aquela vizinha fofoqueira ainda tem solução, porque vc pode usar o atraso como desculpa e voltar pra vibe de paz e harmonia. Mas isso não há de durar. A menos que vc seja um zen budista, ou seja muito disciplinado em seu ego.

No mundo corporativo, não raro vc esbarra com aquele tipo de gente negativa, que só fala tragédia e só reclama da vida, da situação, da comida servida, do cheiro do chefe. Não sou dessas e odeio esse tipo com todas as minhas forças. Mas será mesmo?
Infelizmente, por mais que se queira ver o lado positivo das coisas, existe sim uma sordidez no ar e possivelmente ela vai chegar até vc. Gerir uma empresa de grande porte, necessariamente requer certa sordidez. E quanto mais antigo vc é, mais está sujeito a topar com ela.

Eu fiz o agente nojento essa manhã.


Odeio fazer esse papel, mas minha insatisfação crescente com o que é sempre prometido e nunca cumprido... e até que eu consiga outro lugar pra ir, não quero despejar meu veneno em cima de ninguém, nem fazer o papel da que só reclama. Até porque, se não tivesse essa mentalidade tão capitalista, de transformar em escravo uns, em privilégio de outros (como em todo regime capitalista), seria um excelente lugar pra trabalhar.

E é, sabe?! De certa forma, estou super bem parada. Só tem um ponto que destoa, mas ainda sim, é um ótimo lugar para quem está chegando.
Toda empresa privada tem lá seus defeitos (nunca trabalhei numa pública) e seus métodos de exploração, umas mais, outras menos. O problema aqui, é q eu metida a besta como sou, deixei de fazer o q fazia e continuo ganhando como antes. E para mudar de cargo, existe uma série de desculpas esfarrapadas, que eu não engulo. Já vi acontecer muitas vezes. Gente muito boa saindo e a empresa querendo dar viagens para fora do país e até departamentos para que a pessoa fique. Não almejo nada disso. Só um salário compatível com o mercado e fim. E eu sei que de uma maneira ou de outra, isso vai acontecer (insira aqui um puta duplo sentido). Questão de tempo!


Mas como controlar minha ansiedade? Como não enlouquecer, como esquecer? Como ter paciência, como ser resignado quando se tem 3 filhos? Como não adoecer diante dessa estagnação que só saiu do papel na teoria e não no dia-a-dia?

Como não contaminar o próximo em certos momentos, como naqueles em q a pessoa tá toda lá alegrinha e vc fulo da vida e sem querer, ela solta uma frase ou mesmo uma perguntinha inocente que é o gatilho para vir abaixo o muro das lamentações?!

Eu não fiz esse papel exatamente.


Eu fiz de uma outra maneira. Falando da minha condição, citei exemplos de gente que saiu e dei os porquês. Foi cunhado de sutileza o meu veneno. Depois corri pra cá e fiquei pensando, em como eu fui ardilosa. Porque tudo o q disse, foi formatado em minha história pessoal. Estava só citando exemplos. E a menina tadinha, é um doce, um amor; certeza q está feliz com sua situação, assim como eu estava há 8 anos atrás.


Há 8 anos atrás, eu estava exultante. Nada me aborrecia. Nada me perturbava e se eu topasse comigo mesma, diria que essa profissional que aí está, é uma amarga. Essa profissional não tem o direito de despejar todo o seu sutil veneno em mim que acabo de chegar. Fique com os seus problemas, eu pensaria.


Tola.
Mais cedo ou mais tarde, mesmo que minimamente, o véu da ilusão esgarça e vai saindo como um pedaço de seda, independente de ser vc ou não quem o puxe.

E a grande questão é, vc vai ou não vai querer espiar o que tem lá?

5 comentários:

Lu Soares disse...

Ai, como ela esta subjetiva!

Renata disse...

Inspiradérrima.

Adorei!!!

Martha Medeiros que me perdoe, mas vc é o máximo!

Flavio Santos disse...

As coisas mudam bem rápido em 8 anos, não é? Sem querer ser dramático, você tem mais o que fazer do que ficar amaciando pros outros.

Beijão!

Flavio "esperando as fotos" Santos

Lulu on the sky disse...

Cara, todo começo de empresa é aquela felicidade, depois de muito tempo na mesma função, baixa aquela decepção, estagnação e a gente começa reparar mais os defeitos das pessoas e do lugar.
Quando você percebe, que aquele lugar não te satisfaz, está na hora de dar outro rumo na vida, procurar um novo emprego, uma nova chance, algo que te faça feliz. Por mais decepcionado que a gente esteja, é melhor controlar o impulso de ficar ruminando algo que não gosta, assim evita de contaminar o lugar e as pessoas.
Big Beijos

Magui disse...

Depois de oito anos vc stá mais esperta e sabida.Simples assim...

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