Subscribe:

terça-feira, fevereiro 18, 2014

A CARA DA RIQUEZA


Voltando da praia outro dia com Pacotinho e cia, viemos falando de cifras. De dinheiro vivo e chegamos ao valor de R$ 244.000.000,00. 
Eu que não acompanho a mega sena, me espantei com tanto zero e como não fujo à regra feminina (mulher gosta é de dinheiro), danei a rir ensandecidamente dentro do ônibus, só de imaginar aquela dinheirama toda nas minhas mãos. Então danei a fazer planos.

Um milhãozinho pra mamãe, um milhãozinho pra irmã, um milhãozinho pra Advi, quitação de contas e viagens, viagens e mais viagens. Claro, colocaríamos em fundos de investimento e poderíamos viver de renda, por isso, mais um milhãozinho pro papai, um milhãozinho pra cunhada... Sim, viveríamos de renda.

Daí pensei, pegaria uma nota e começaríamos a viagem. Primeira parada, Lolapallooza em estilo lua de mel com marido, bem na noite do Muse. O show é orgasmo garantido, até porquê, na mesma noite reuniram o Lorde também, ou seja, eles querem que eu vá de qualquer jeito. As crianças ficariam em Sampa na casa da prima, enquanto marido e eu, nos hospedaríamos num hotelzinho bunda perto do evento, porque passaríamos ao status de milionários, quer dizer, quem é milionário não precisa mais ficar fazendo questão de exibir que tem, com aquela marra característica dos pobres de espírito. Aonde tivesse uma caminha boa pra passar a noite, já estava bom.

Dali, partiríamos pro Espírito Santo, não sem antes pegar as crianças. Seria mais uma temporada de 2 semanas em Guarapari visitando Yvonne e Magui, pra depois dar um pulinho em Itaúnas, coladinho na Bahia. Visitaríamos as dunas e dançaríamos forró a luz do luar. Às crianças caberia praia e mais praia. Ficariam todos pretinhos, alegres, aguçando a curiosidade ao ver de perto o que acontece no Projeto Tamar, onde é possível acompanhar (com sorte) as tartarugas saindo dos ovinhos, indo pro mar. Pode-se pegar até uma tartaruguinha na mão, quando a sorte está por perto.

Dali, visitaríamos o nordeste já que estamos subindo. Faríamos Pernambuco, Paraíba, a Ju, Por fim Pipa no RN... e por falar em Pipa, aí dessa vez a gente ia pro resort, porque né? Tem hidromassagem no quarto e wellcome drink, além de champagne no café da manhã e na pérgula da piscina. A gente alugaria logo uma casa no resort, onde é possível ter piscina privativa e cabe minha família inteira no conforto. Acho que nessa viagem levaria vovó de novo. Tem altos passeios em alto mar, que com ela ficam mais divertidos.

Tem o Sul, que também sou louca pra conhecer. Não sei direito a ordem, mas nesses três anos que vamos ficar fora, em algum  momento iria pro Sul. Lá tem o Flavio (amigo blogueiro de eras) e João Monteiro, meu querido amigo de faculdade, lindo, talentosíssimo, ator. Bem, melhor fazê-lo antes de partir pra Europa, porque na volta, o Conselho Tutelar estará no meu encalço, já que pretendo ficar uns 3 anos ensinando meus filhos com a vida. Nada melhor.

Ainda tem o centro-oeste meu Deus! Não posso deixar de ir na Bia, contemplar o céu por 1 minuto em completo silêncio. Ao lado de Bia? Impossível. Gargalhadas pombagirísticas de ambas as partes.

Agora sim! Partiu Londres. Para fazer compras, passeio de turista, passeio de local, depois Paris, Portugal (pegando um Rock in Rio Lisboa, se possível), Ibiza, Barcelona, Berlin, Munique, Amsterdã para perdermos a cabeça e claro, as crianças ficariam com alguma nanny, porque visitaríamos algum coffee shop (parada obrigatória), volta pra Paris pra visitar Erica e dar um pulinho na Euro Disney. Grécia, preciso ir na Grécia. Preciso fazer topless na Grécia, porque afinal, seria gringa, não teria problema. 
Faria o caminho de Santiago de Compostela, talvez sozinha, talvez na companhia de marido. Se bem que esses programas de caminhada numa trilha sozinha com mochila nas costas, são mais piração da minha cabeça de leitora voraz  que qualquer outra coisa. 

Visitaremos a parte ocidental da história da civilização, onde quer que ela esteja. Pacotinho faz questão de ir em Abu Dahbi e Dubai, mas eu não me animo muito não. Passo longe de onde vestem mulher de véu. Mesmo que a piscina seja imensa. 
Ah e na volta, teremos as férias das férias. Faremos América Central, Cuba, Saint Bartz e outras das redondezas. 
E línguas! Faremos cursos de línguas variadas. Criança pega rápido, então vamos estudar juntos! Inglês, Francês, um pouquinho de Alemão só de onda... vai ser lindo, vai ser a cara da riqueza.

Então, depois de 3 anos rodando meio mundo, cheios de malas e histórias pra contar, a gente volta. Não sei como vamos nos entender com o Conselho Tutelar depois disso, afinal, não sei se eles aceitam crianças que passam 3 anos estudando na escola da vida, mas se tudo der certo, basta uma multa, que a gente paga e acerta tudo no final. 

Imagina quantos lugares, quantos presentes, quanto molho, quantas danças e noites maravilhosas, quanta cultura e frio na barriga ao passar pelos monumentos da humanidade... meus filhos respirando o mundo, porque não somos plantas.

Certeza, dos R$ 244.000.000,00 ainda sobraria pra abrir um puta negócio, cujas paredes seriam cobertas de histórias e fotos, ainda lançaria um livro ao estilo diário de bordo, ou ainda, levaria uma equipe de cinegrafistas e faria um reality show exibindo a saga de uma mãe com 3 filhos ensandecidos viajando pelo mundo. Isso.
Partiu loteca?

terça-feira, fevereiro 11, 2014

CONSELHO TUTELAR, NEURAS E PRIMEIRO DIA NA ESCOLA PÚBLICA


Dado meu nível de ansiedade, bem que esse poderia ter sido meu primeiro dia de aula na escola pública. Mas não, Pacotinho e Sr. Cabeça de Bolinha fariam o debut nas novas escolas e eu tive que deixar o prazer de levá-los relegado aos cuidados da Advi. 

Aliás, devo agradecer à Deus e à Santa Advi, que tem segurado uma bela onda como tia postiça que é. Mais, Advi tem feito papel de alguém da família, alguém do mesmo sangue. Aliás 2, preciso reconhecer que minha mãe, Dona Engraçada tem feito o caminho de volta rumo a responsabilidade de avó. Não que ela não tivesse. Mas a distância das nossas casas, minha rotina causticante, os compromissos religiosos dela, além dos sociais, nos manteve bem afastadas e por isso, eu nunca contava com ela pra nada. Nem pedia.
Agora, minha mãe tem sentido uma necessidade genuína de estar junto de nós, de nos ajudar verdadeiramente. Desde que ela assumiu essa postura, eu tenho me aberto mais, estou feliz pelas crianças e pela convivência. Tanto, que nesta segunda feira, foi ela quem buscou a Dona Miúda na escola, depois ficou com os três sozinha aqui em casa e ainda tirou de letra! Fiquei tão feliz. Isso é uma bênção. 

E por falar em escola, quanta dor de cabeça nesse início! Começa com meu estágio e o dilema de com quem deixaríamos as três crianças. Sim, você não leu errado! São três e não são anjos. 
Apesar de boas crianças, eles disputam muitas coisas, ainda que haja diferença de idade. E disputam as coisas mais banais, mais ridículas, desde o mais velho, até a mais nova. Isso desgasta... E perde-se um tempo precioso. 
Para começar, ficar com criança requer todas aquelas formalidades trabalhistas que convenhamos, não temos possibilidade financeira. Daí, que no auge do desespero, cogitei deixá-los sozinhos, sob a responsabilidade do irmão mais velho. Tão logo o fantasma do conselho tutelar começou a nos assombrar, eu chorava, rezava e ligava pros mais chegados, inclua a Tutti nessa, para pedir conselhos e tentar encontrar uma saída diferente. Foi aí que rolou esse mutirão entre minha mãe e Advi, enquanto não resolvíamos nosso dilema. 

Sim, eu já estava pensando em bater na porta do Conselho Tutelar me entregando, vomitando meus problemas, levando as contas de casa, nossas despesas mensais e contra-cheques, mandando que eles fizessem um cálculo que fechasse uma contratação de carteira assinada. É nessa hora que eu vejo que o Estado nos deixa desamparados ao relento e o tempo todo, mas cobra de seus cidadãos, todos os deveres de um Estado presente, coisa que aqui no Brasil está longe de ser. 

Então, resolvi chamar um conhecida da família, que está passando por condições de enorme dificuldade e hoje, é adepta da filosofia tailandesa-budista-espiritualista-greco-romana, "É melhor pingar do que faltar!" Sim, quem me lê sabe, já fui muito adepta desse mantra. Portanto, estou lendo os sinais que Deus manda e resolvemos contratá-la para a próxima semana, dando uma ajuda compatível com o tempo em que ela ficará aqui, que será bem pouco diariamente.

Teve muito choro, muita reza e mandinga mental é verdade, Deus de saco cheio, resolveu nos dar uma força pra ter sossego, as coisas estão transcorrendo nos conformes e hoje foi o grande dia! Uma pena eu não estar lá, mas dei um jeitinho de estar na hora da saída pra saber tudo!

Pacotinho fez amigos já no primeiro dia e está muito empolgado com a nova escola, que não ficará, com a graça do mesmo Deus que não me aguenta mais! Contou de um amigo que fez logo de cara e que esse menino o apresentou prum bando de garotas. Dentre as garotas que conheceu, duas já estão gamadinhas. 
Ele diz que sabe, pelo jeito que elas olham pra ele e pela entonação da voz. Bom, se são duas, a gente já sabe que alguém vai sair perdendo, já que é de uma apenas que ele mostrou interesse. 

Ele também contou que as outras meninas na sala o chamam de Ném, ou de Nerd. Cara, nem preciso contar que soltei aquela gargalhada pombagirística né? Hilário, porque o que eu mais fiz nessa semana que antecedeu, foi chamá-lo de Ném pra ele ir se acostumando. Ainda disse que ele se tornaria o rei das néns e voilá!

A parte do nerd, foi porque toda vez que os professores perguntavam alguma coisa em sala, Pacotinho respondia e adivinha, o melhor amigo dele, o Jorge, é apelidado de George, O curioso, porque tem uma forte veia jornalística e tenta se inteirar de tudo o que as meninas conversam. RYSOS. 

Então, o papo estava ótimo quando chegamos na escola do Sr. Cabeça de Bolinha e o que mais me chamou atenção, foi a cor da camisa do mini-sujeito! Terrível. Estava com a cor daquelas camisas do comercial de Omo, toda cagada de bola. 
Entrou no carro falando animadíssimo que amou a escola, que fez um monte de amigos, que jogou futebol, basquete (disso é certo!), que jogou bola com efeito, que o amigo defendeu com a cabeça, contou que conseguiu ler uma frase... Só tinha uma coisa que o Sr. Cabeça de Bolinha não sabia responder:

EU - E qual o nome da sua professora, meu amor?
Sr. Cabeça de Bolinha - Ih mãe, esqueci!

Pois é, a escola foi tão boa e ele deve ter brincado tanto, que realmente não lembrou o nome da professora. Mas o importante é a felicidade na voz deles, no jeito que contavam sobre a escola, naquele brilho nos olhos.

Sinceramente, eu acredito nos profissionais de educação e que as escolas daqui são boas. O que falta mesmo, é empenho da Prefeitura em cumprir prazos, remunerar dignamente esses profissionais e dar suporte para que um trabalho sério e de respeito seja desempenhado com nossas crianças. 
Casos como o do "cara do ar condicionado" nas licitações para prestação de serviços na escola, é brincar com a nossa cara. 

Potencial, nossas crianças e escolas têm, profissionais engajados com o ensino de qualidade também é possível encontrar, haja vista o depoimento do meu próprio filho hoje, contando do entusiasmo dos professores, como diferencial entre as escolas que ele conheceu. 
O que falta realmente, é o comprometimento dos nossos representantes políticos e nossa resposta à altura nas urnas. Isso é o que eu quero ver!

quarta-feira, fevereiro 05, 2014

MEU PRIMEIRO ESTÁGIO


As mina pira de ansiedade pra saber como foi meu primeiro dia de estágio, que obviamente não foi hoje. 

Vou contar, mas antes, vou contar de antes. De sexta feira, 31 de janeiro, quando resolvi ir à cachoeira com a família e ao fotografar, enfiei parte da correia da câmera no olho esquerdo. Vivi a experiência de andar praticamente de olhos fechados pela cachoeira, tanto que minha vista chorava. Tirei foto às cegas, já que configurei a câmera para tirar no olho e não no display. 24 horas após o infortúnio, meu olho ainda doía, então fui parar no Oculistas Associados, onde o oftalmo me passou 3 remédios diferentes, todos aplicáveis no olho, para usar durante 7 dias. Posso dispensar a parte em que a vista mais piorou que melhorou no primeiro dia, né? No entanto, domingo já estava melhor.

Devo confessar, fui salva por uma amiga, leitora do blog, que me indicou pra essa vaga ,numa grande empresa de venda de produtos e fornecimento de crédito. Ela figura pelo 7º ano consecutivo entre as melhores empresas para se trabalhar no Brasil e está em 8º lugar entre as melhores segundo a Revista Exame. 

Bem, finda as devidas apresentações, caí de paraquedas na comunicação institucional. Arrisco dizer, que é o coração da empresa, haja visto que fazemos um trabalho coladinho ao CEO, que a todo momento entra lá pra dar sugestões, pedir coisas e motivar a equipe. Isso muito me empolga, claro. É a primeira empresa em que trabalho, onde o departamento de comunicação se reporta diretamente ao presidente. Não à toa, todos esses prêmios e reconhecimentos.

Minha chegada foi super fofa. Um dos pontos fortes de lá, é que eles sabem receber como ninguém. Pensam em tudo pra te encantar e quando eu falo em te encantar, estou me referindo ao staff, ao cliente, aos visitantes... Sabem fazer qualquer um se sentir especial, inclusive uma veia coroca como eu.

Eles possuem um programa de TV mensal, o qual não terei contato, já que é produzido por Curitiba - PR, no entanto, a rádio, veiculada semanalmente para todo o Brasil via satélite, ficará em parte sob minha responsabilidade. E bota responsabilidade nisso! Além de roteirizar (não agora), terei de fazer a edição de voz, que é algo que muito me seduz. Aliás, nesse quesito, não posso esquecer de agradecer o curso de capacitação do Rock in Rio, que apesar de não abordar a temática de rádio, me pôs em contato um pouquinho desse universo, quando púnhamos voz em nossos trabalhos.

Das dificuldades, bota aí meu olho esquerdo. A dor passou, mas passo o dia lendo tudo embassado. Um saco e claro, minhas superioras nem desconfiam disso, porque o que me dão eu faço. A última empresa me deu um senhor traquejo em termos de mundo corporativo. De modo que a parte burocrática, eu transito bem, sem pedir tantas explicações. Além da parte de eventos, que também estou dando uma força. Mas esse olho... isso está me preocupando.

Então, o primeiro dia abriu com a apresentação do programa de TV para todas as filiais do Brasil, com direito a empresa parada vendo o programa, seguido de coffee break e discurso do CEO, que vamos combinar, é um show a parte.
Ele muito provavelmente veio do mercado varejista, porque ele tem essa coisa de motivar na alma, né? Então discursou de maneira inflamada, conclamando a equipe a se superar e tal, galera reunida prestando a maior atenção, até que ele me solta um grito de guerra seguido por todos no andar, do tipo:

Le Presidènt - THIS IS SPAAAARTAA!
Todos - AAWWW! AAAWWW! AAAWWWWW!

Enquanto eu no canto, me encolhendo, sem saber o que gritar, morrendo de vergonha alheia de gritar e tipo, nem fodendo que eu vou gritar saporra. Se ao menos ele tivesse a cara do Gérard Buttler a gente ainda podia conversar, agora... não, obrigada.
Outra coisa, me apresentaram a um bando de gente de um bando de departamento. Já não sei quem é ninguém, nem decorei a cara de ninguém. No final do tour, já estava dizendo:

Eu - Oi, prazer, me desculpa, eu vou esquecer seu nome!

Legal que a galera leva na boa e entendem que essa formalidade, não passa mesmo de uma formalidade. Mas esqueçam meu charme! Aquela Zé Graça que eu costumava ser na outra empresa não faz mais efeito. Ou eu envelheci junto com as minhas gracinhas, ou o povo perdeu o senso de humor! Então acionei o modo de invisibilidade e resolvi cagar pra isso. Não faço mais questão de ser simpática, a não ser pra conseguir alguma coisa, fora isso, se riu, muito bem, se não riu, amém.

No quesito bizarrices, ao menos por email e na frente de Le Prèsident, todos se chamam de guerreiros antes do nome. Claro, pode esquecer. 
E outra, Le Prèsident é dado a pegadinhas, portanto, volta e meia ele passa na mesa alheia e pergunta:

Le Presidènt - Que dia é hoje mesmo?
Resposta correta - HOJE É DIA DO CLIENTE.

E foi nessa que quase entrei pelo cano. No final do passeio do primeiro dia conhecendo todo mundo, só fui apresentada ao CEO por último, devido a incompatibilidade de agendas e claro, terminadas as apresentações e introduções, ele me veio com essa. Como já tinha sido informada, respondi certo, o que me valeu um abraço apertado-sufocante de boas vindas. Saí rindo freneticamente com a situação, porque ele não contava que eu acertaria a resposta, ficou todo vermelho, super feliz e me deu aquele mata leão inflamado. Aí, quem me conhece sabe que a humildade tira férias aqui de vez em quando, o homem passou na minha mesa ontem e já ia perguntando que dia era, quando ele mesmo se lembrou que essa eu já sabia, então:

EU - Não tem problema, eu posso dizer a hora!
Le Presidènt - Nããão, a hora você já deve saber, quero ver se você sabe nossa missão!

Troféu epic FUÉN pra mim né? 
A sorte é que eu tinha afixado na minha estação em letras garrafais e mesmo com vergonha de ler, comecei a falar meio pausadamente, meio sem graça a primeira parte da missão, o que já valeu um elogio dele!

Gente, não fosse o talento desse homem pra deixar as pessoas felizes no trabalho, eu juro que criaria uma série nesse blog sobre ele. Mas devo admitir minha admiração pelo véinho! Ontem, recebemos a visita de um fornecedor, cujo contato que ele tem é só por telefone. Ou seja, ele não conhecia o cara! A primeira vez desse visitante na empresa e Le Presidènt não perdeu tempo. Correu as mesas das meninas mais experientes e pediu para que preparassem aquela recepção pro homem. E vocês não imaginam como é isso! Na recepção, do lado de fora, elas colocaram um porta retrato virtual com uma foto do cara desejando boas vindas, depois, em todas as TVs espalhadas pelo andar, aparecia uma apresentação sobre a vida profissional do cara e sua história de parceria junto a empresa, fora uma mensagem calorosa de boas vindas. 

Cara, eu nunca vi isso em nenhuma empresa que já trabalhei. E olha que muitas delas eram empresas de comunicação! Sensacional. Foi nessa hora que Le Presidènt subiu no meu conceito. Ele com aquele jeitão de vendedor varejista, não dá ponto sem nó. Sabe encantar e receber como ninguém e consegue contagiar quem ali convive. Por isso tanta motivação, tanto empenho da equipe. O povo realmente dá o sangue.

A parte chata, estou feia que nem o cão, o cabelo parece um capacete, as roupas defasadas, as unhas do dragão de São Jorge. Está realmente sinistro. Nunca me senti tão mal cuidada! Posso afirmar seguramente que sou a mais desleixada do departamento. As roupas já não caem bem, dos cachos desisti e vou voltar a alisar e ainda cega de uma vista. 
Mas sou guerreira, não sou? Oh wait...

domingo, fevereiro 02, 2014

A SAGA DA ESCOLA PÚBLICA - REPESCAGEM


Ficar para a repescagem da escola pública, me fez desmoronar por dentro. Parece que todo aquele sentimento represado, toda aquela esperança de que os meninos começariam uma etapa nova, mágica, diferente e que seria um marco em suas vidas, foi por água abaixo.

Isso, porque no dia 29 ao tentar fazer a matrícula tanto de Pacotinho, quanto do Sr. Cabeça de Bolinha, apenas de um deles consegui encaixar na escola que queria. Justo Pacotinho... não consegui colocá-lo em nenhuma das escolas que visitamos. Fiquei paralisada por dentro, quando nenhum dos nomes que eu jogava, aparecia na tela do computador. Justo com ele, que já tem uma memória afetiva, lembranças dos amigos e que mais temia a escola nova. O jeito foi escolher uma escola qualquer para ele não perder a vaga e depois, vamos tentar a transferência. 

Ao chegar na escola para efetuar a matrícula, tinha a esperança de ao menos gostar de lá, de sentir alguma empatia. De fato, lá, é relativamente grande, tem uma quadra e empatia... Quer dizer, empatia eu sinto por quase qualquer coisa. Tenho o velho hábito de não julgar as coisas pela capa e tentar ver sempre o lado bom, até me encontrar num beco sem saída e enxergar o que há de ruim. 

Isso nem demorou tanto. Na secretaria, fui atendida por um arquétipo do professor de geografia (com cordãozinho artesanal, brinco na orelha), que se encarregou de fazer a matrícula. O atendimento easy going e nada burocrático da escola, me fez gostar bastante, só que a sinceridade de que a escola está com uma pontuação no IDEB próxima da localização do inferno, me fez desencantar e pensar que Pacotinho não ficará lá por muito tempo.

Feito isso, fui na antiga escola solicitar o histórico escolar e encontrei a coordenadora de lá, que ainda não sabia da saída de Pacotinho. Com tudo resolvido tão em cima, esquemos mesmo de contar a ela, já que centralizávamos o pagamento das duas escolas, na dos menores. Então conversamos e ela ficou emocionada pela saída de um querido aluno. A emoção dela, me fez ter um daqueles mini flashbacks sobre a história de vida do meu filho naquela escola, dos passeios e amigos que ele fez, das vezes em que fui buscá-lo em todas as séries que cursou, o quanto ele era querido e compreendido... Daí os olhos marejaram e eu voltei pra casa chorando pelo caminho, pensando no por quê tudo tinha de ser tão difícil. 

Muita gente diz que eu sou corajosa por fazer uma mudança tão grande na vida familiar em busca dos meus sonhos. Ninguém imagina o quanto é difícil. Primeiro, porque foi mais necessidade que uma busca. Ficar aonde estava, fadada a estagnação não estava resolvendo as nossas vidas. Segundo, que existe algo chamado "O tempo de Deus", que claro, não bate com o nosso. Ele é lapidado dia a dia, conforme nosso merecimento, esforço e trabalho. A outra, é que antes da guinada profissional, vem o fundo do poço. Há que se ter paciência e perseverança, que no papel combina bem, já na prática dói na alma!

Ao convencer marido desta empreitada, lembro que falei que em 6 meses estaria empregada, mesmo que no Mc Donald's. No entanto, você começa a estudar e sente uma enorme vontade de exercer a profissão, de não abandonar seu grupo e de nunca mais em sua vida, voltar a ficar fora de seu nicho. Nem tanto pelo esforço da caminhada, mas pelo sentimento de pertencimento. 

Acho que existe uma grande diferença, quando você escolhe fazer uma faculdade aleatoriamente, visando ser alguém formado, numa cadeira a qual nunca vai exercer, então você vai pro mercado de trabalho e tanto faz, como tanto fez qual nicho, tchurma ou galera você convive diariamente, porque seu objetivo, que é ter um diploma, já foi cumprido. Diferentemente de quando se tem um sonho, ou um dom desde pequeno e está fora do seu mundo, trabalhando em outra coisa. Uma vez realizando seu sonho, a sensação de pertencimento é tão grande, que não dá pra ir pro Mc Donald's viver tudo aquilo novamente, ainda que temporário. Eu pensava que enquanto estaria trabalhando em qualquer outra coisa, automaticamente fechava meu caminho para aquilo que queria, então toda vez que mandava currículo, era em busca de estágio na minha área. 

Seguir essa linha de raciocínio não é nada fácil. Talvez aí entre o fator coragem, no entanto, a culpa é cúmplice. Ela martela todos os seus fracassos dia após dia e o episódio da escola pública é um deles. 

Pacotinho me disse uma frase outro dia, quando eu teimava em repetir o meu mantra:

EU - Filho, tenha fé, as coisas vão melhorar esse ano!
PACOTINHO - Mãe, você disse exatamente isso ano passado e até agora...

Melhorar pra quem? Essa é a grande questão. 
Eu creio de fato que vai melhorar e vai. Ano passado, tiveram muito boas coisas. Ano passado, plantei muita coisa, plantei exercício, roteirização, conhecimento, entrevistas, edição... esse ano chegou a hora da colheita. Estou indo prum estágio afinal e ainda que apertada, com duas crianças em escola pública, tudo vai se ajeitar e essa capacitação é só o início de outras melhores.

Não sem dor, claro. A dor é companheira desse mundo e está aí pra nos ensinar. Há que se chorar quando se tem vontade para expurgar aquilo que aperta o coração. Mas se deixar paralisar não é indicado. Lembra que o universo é movimento? Além do mais, estamos tendo ajuda. Aquela terapeuta maravilhosa que nos ajudou no processo de cura da Psoríase do Sr. Cabeça de Bolinha, agora está ajudando Pacotinho a enfrentar as mudanças com mais segurança. Inclusive, ele está adorando, apesar de só ter ido em uma sessão!

Naquele dia, subi à pé, chorando pela rua, lembrando das coisas boas, achando que a vida nem sempre era justa, mas já tinha um plano traçado na mente. Mesmo chorando e morrendo por dentro, as aulas vão iniciar e nós vamos procurar as escolas que gostamos. Aquela fé que me move, vai comigo dentro da bolsa e será retirada no minuto em que pisar numa das escolas. Quero meu filho numa das boas, porque ele é bom e merece estudar num lugar que o alavanque, que extraia o melhor que há dentro dele e eu vou conseguir.
É assim que vai ser.

Linkwithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...