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sexta-feira, agosto 29, 2014

CONVIDADA DA SEMANA: *MAMÃE ANÔNIMA - QUEM TEM MEDO DO LOBO MAU?


Enfim chega uma fase na vida do seu filho que o “doce” e a “bala” já não são mais um problema para os dentes de leite, mas um bicho papão muito mais perigoso. E neste momento que os primeiros passos, aquela disciplina que você impôs (ou não) vão se fazer presentes e conduzir esse caminho. 

As crianças crescem (é só imaginar que nós, os pais, um dia também fomos crianças) e os perigos aparecem. É claro que estou falando das drogas. Longe de mim querer levantar qualquer bandeira, mas eu sempre preferi me manter longe até do cigarro. Sou asmática, alérgica e, extremamente pão dura. Não consigo admitir para mim mesma torrar meu dinheiro com algo absolutamente inútil e nocivo. Mas o pânico tem ainda um motivo mais concreto: vai que tenho aquele organismo pronto para se viciar? Não posso perder minha vida, meu tempo, na sarjeta, tentando sair de onde não deveria ter entrado. 

É claro que sempre tentei passar essa neurose para o meu filho. Programa de TV com penitenciarias mostrando traficantes? Olha, Gustavo. Outro mostrando a Crackolandia? Olha bem se isso aí é o que você vai querer para tua vida! Fui hereditariamente e sem vergonha passando a ideia adiante. 

Acontece que, muitas vezes, aquele monstro que estava de baixo da cama vem te assombrar, do nada, a luz do dia. No último final de semana estava eu em uma festa de família. E lá estava meu filho e um primo (um ano apenas mais velho) conversando com outros primos que são da “minha idade” e já perderam a vida e muito dinheiro em clínicas de recuperação – que eu nunca entendi bem pra que, se sempre voltam ao mesmo ponto de partida como se fosse possível sair dessa com os mesmos hábitos, amigos, lugares, etc – quando meu ouvido, sempre alerta, flagra o diálogo: 

- Um dia vocês vão experimentar... Você sai do chão... he he he!

Eu poderia descrever o que foi o diálogo que seguiu daí, mas reúne mais palavras de baixo calão, ofensas e verdades guardadas há anos, do que propriamente um discurso que possa ser transcrito. Em resumo, coloquei meu filho, o primo, a prima mãe dele e as outras duas crianças dela dentro do carro, junto com minha mãe, não sem antes acabar com a festa.

- Nunca vai se esperar que o aliciamento de menor vá acontecer dentro da sua família, embaixo do seu nariz - Eu esbravejava no carro. 
Ao que diante daquele ódio, Gustavo vira para mim e diz:

- Mãe, você não confia na educação que me deu? Hoje você estava aqui, mas não vai poder me defender do lobo mau sempre. Meu vício é tecnologia e olhe lá. Preciso de dinheiro pra jogar... E isso é um barato, tá ligada?! 

De imediato voltei lá no início do post. A vida inteira demonstrei que não se pode gastar com o que vai te prejudicar, nunca ele me viu envolvida mesmo com as drogas lícitas. É... Ele só tem 14 anos e tudo pode mudar (o telhado é e sempre será de vidro), mas esse foi até aqui a maior sensação de trabalho bem feito que já tive na vida. Se eu posso dar um conselho de mãe? Dê bons exemplos. As crianças copiam. 

*Esse post foi feito por uma grande mãe e amiga. Seu nome foi preservado para garantir a privacidade da família.
 

quarta-feira, agosto 27, 2014

MAMÃE ESTÁ IRADA - COMO SE CONTROLA A RAIVA?


Com a entrada de Pacotinho na adolescência, na verdade, pré-adolescência, só dá ele aqui no blog. A gente pouco se desentende, é verdade, só que aquela pretensão que se sabe tudo, é algo que realmente me tira do sério. Mais do que qualquer outra coisa, é meu calcanhar de Aquiles, gente que não experimentou quase nada da vida ter opinião formada sobre as coisas. E hoje eles praticamente nascem sabendo, pois sim...

Já era motivo das minhas discussões com minha irmã mais nova, pois tínhamos uma diferença de idade gritante e pelo visto, ainda vou passar por isso pelo menos umas três vezes, fora o Facebook, que está cheio de especialistas em todo o tipo de assunto, com embasamento zero.

Estou escrevendo no auge da raiva. Aliás, estou escrevendo para não pegar a cabeça dele e tacar na tela do laptop até afundar o nariz. 
Ah... mas mães não podem sentir isso? Como não? Está escrito aonde? 
Olha, esse tipo de sentimento não diminui o amor que eu sinto, muito menos me faz pôr em prática o que digo, no entanto, eu preciso botar isso pra fora de alguma forma.

O motivo de toda essa ira foi o bendito trabalho de pesquisa que a escola passou. A disciplina é música e a relação dele com a professora já não anda boa, justamente por ele querer copiar os mal feitos da turma. 

É daquelas professoras esquisitas que apresenta um distúrbio obsessivo-compulsivo, tornando-se alvo de chacota para a turma inteira. Depois de uma advertência tomada, porque Pacotinho sismou de se meter na história alheia, ao invés de focar no trabalho que tinha de ser feito em sala de aula e não fez, ele ficou arrasado. 

O próprio Engraçadão que foi à escola assinar a advertência constatou que é daquele tipo de professora que não segura muito as rédeas da própria turma. Não importa. Ele tem ordens nossas de ficar invisível em sala de aula e está ciente de que a professora com TOC ou sem TOC, é autoridade máxima dentro de sala e ele lhe deve respeito. 

Muito bem, combinamos em reverter essa imagem negativa, já que ela pegou implicância mesmo, tirando uma ótima nota no trabalho que ela passara. O problema, é que quando chega a hora de fazer o tal trabalho, a preguiça e o caminho mais fácil falam mais alto. Pacotinho não quer se esforçar. Ele quer se jogar nos braços da Wikipedia, copiar tudo e entregar. Claro, eu protestei, mesmo ignorando o fato de que ele tenha que se virar sozinho, indiquei um site onde a fonte era mais confiável e onde ele encontraria informações diferenciadas. Como estava todo enrolado, eu passei os tópicos para ele pesquisar, já que clamava insistentemente pela minha ajuda. 

Então, no site que eu havia indicado, ele se intimidou pelo tamanho do texto e porque não aparecia mastigadinho como na Wikipedia. Daí, Pacotinho foi às lágrimas. Reação normal de quem está fazendo as coisas contra a própria vontade. Apesar dos meus argumentos de que essa fonte não era muito confiável, ele não saía do lugar. 
Tempo perdido. 
Para piorar, ele falou a palavra mágica, motivo da minha ira: "Você não quer deixar eu fazer do meu jeito!"

Eu deixei. 
Me lembrei dos vários textos que li sobre educação e autonomia. Me lembrei que esse conceito era disseminado inclusive na creche que ele frequentou, de que o trabalho é deles, acertando ou errando. Então  me recolhi a minha insignificância e fiquei ruminando minha raiva no teclado. 

Ontem também assisti ao hangout da Sam junto com outras mães blogueiras e a psicoterapeuta Natércia Tiba Tiça respondendo a diversas questões acerca da criação com carinho. 
Na adolescência, o bicho pega mesmo e a linguagem é outra. Então usei a técnica do recolhimento e o deixei fazer o trabalho como queria. Espumando, claro!

Mais tarde, na sala da Analista (é, voltei de com força!), a discussão foi abordada. Lógico, estava mega fresquinha ainda e eu me dei conta que ando projetando meus medos em Pacotinho. Aliás, não raro eu faço isso com eles. Tenho tanto medo de que eles se percam na indecisão como eu, que acabo cobrando mais que o necessário. Não chego ao ponto do EXAGERADAMENTE, porque muitas vezes eu os ouço e volto atrás como foi o caso. No entanto, mamães, é importante ficarmos alertas quanto às nossas neuroses. Essa neurose de que ele deveria pesquisar onde eu queria, do meu jeito, não ajuda em nada. Até porquê, Pacotinho em nenhum momento não estava NÃO FAZENDO A TAREFA. Ele só queria fazer com os próprios dedinhos. Tudo o que eu deveria fazer era supervisionar mesmo, quem sabe ajudar clareando que tipo de tópicos ele poderia pesquisar e só. 

E a dó? Apesar de toda a raiva (minha) Pacotinho detesta ficar brigado comigo. Então veio pedir desculpas, veio tentar quebrar minha cara de capeta, veio todo manso tentar fazer as pazes. E sabe o que acontece? Eu consegui dizer como me sentia. 
Consegui dizer que eu estava muito zangada, que não havia em mim um botão de liga-desliga capaz de desfazer o bico, mas que isso iria passar e já na volta da escola ele me veria com outra cara. 

Deu resultado. 
Estamos de bem. Dessa vez fui eu quem pediu desculpas, pra variar com lágrimas nos olhos (pois é, sou mãeTEIGA) e disse a ele que quero que tenha foco nos trabalhos escolares e seja capaz de poder realizar os próprios sonhos por meio dos estudos. Ficamos bem.
Ainda assim, ele está 4 dias de castigo pelo tsunami que deixou no banheiro após o banho e não arrumou.

segunda-feira, agosto 25, 2014

A ESCOLA PÚBLICA - VILÃ OU HEROÍNA?


Como já contei outro dia, faço parte de um grupo de mães no facebook, onde é possível trocar algumas ideias, conhecer mães blogueiras e participar de discussões sadias acerca da maternidade - dores e delícias Ltda.

Lá, eu pude conhecer uma mãe que criou o filho em escola pública, a Débora Domingues e pôde trocá-lo recentemente para a particular, o que em situações normais de temperatura e pressão, seria aplaudida de pé pela comunidade. 

Infelizmente, não foi essa Coca-Cola toda. Como se trata de uma mãe atuante, pôde perceber diferenças gritantes entre uma e outra, e cogita fazer justamente o caminho inverso. Retirar seu filho da particular e colocá-lo de volta na Pública. Seria simples, não fosse a pressão da família, das outras mães da escola particular e da sociedade em geral.

Não é de hoje, existem escolas e escolas e profissionais bons e ruins trabalhando em ambas.
O exemplo dos meus dois meninos está aí pra provar essa máxima.

Sr. Cabeça de Bolinha foi parar numa escola muito bem recomendada. Daquelas públicas que quando há greve de professores, eles não param. É uma escola imensa, com atividades bem compatíveis a idade dele (7 anos) e na medida do possível, mas é fraca em termos de atividades extra-curriculares. Os dirigentes da escola é que são bastante rígidos em relação às próprias normas. Por exemplo, não toleram atraso de forma alguma, tanto na entrada, quanto na saída. O Sr. Cabeça de Bolinha apesar de adorado, um dia ficou do lado de fora por eu ter escolhido um caminha infeliz e engarrafado. Felizmente, eu podia ficar com ele, mas imagina se eu trabalhasse? Teria de faltar o trabalho?
Então essa falta de negociação, me faz pensar que estão ali mais por obrigação cumprindo horários rígidos, que por amor à profissão. Inclusive, essa fama já é conhecida até em outras escolas da região.
Se ano que vem tiver oportunidade na escola de Pacotinho, pedirei transferência sem piscar. Quanto ao ensino, eu realmente não tenho do que reclamar.

A escola de Pacotinho é um achado. Ela visa a meritocracia e está acima da média do IDEB, já tendo sido matéria em jornais de bairros, pelo sucesso dos alunos.
Esse ano, Pacotinho ganhou uma bolsa de Inglês de 3 anos do IBEU, onde duas vezes por semana, chega mais cedo para estudar. Semana passada mesmo, premiaram os melhores 15 alunos da escola, com um curso na SOS Computadores e novamente Pacotinho foi contemplado. 
Eventualmente fazem passeios e fazem parcerias com ONGs que fornecem bolsas de estudo em universidades e colégios de expressão no Rio, cujo critério é a participação do aluno, notas altas e bom comportamento, fator que também reprova.

Portanto, a melhor coisa que eu fiz, apesar de todo o sofrimento, foi colocá-los para viver essa experiência na escola pública. Mas só isso não basta. A gente dá um duro danado aqui em casa com eles, fazendo apostilas para que estudem todos os dias e não deixem a peteca cair. Pois às vezes eles se acomodam. 

É muito comum ver pais e mães colocando os filhos na escola, relegando o fator educação a terceiros. Eu era assim também. Quando trabalhava, todos três ficavam no integral e era muito cômodo nem ter que mandá-los estudar. A fase de adaptação aconteceu quando parei de trabalhar e agora, com o pezinho na adolescência, está bem difícil. Ele tem muita preguiça de estudar, então é um trabalho diário de não desistir dele. Não deixá-lo esmorecer, desmotivar  (O Sr. Cabeça de Bolinha nasceu responsável e perfeccionista, então não precisa ser mandado). Afinal, ter responsabilidade com os nossos filhos, é prova do nosso amor e amor plantado é felicidade colhida.

quinta-feira, agosto 21, 2014

CONVIDADO DA SEMANA: PAOLA MACHADO - LIBERDADE E RESPONSABILIDADE


Olá, sou Paola, tenho 30 anos, casada há 6 com o Bruno e com 2 filhos: Gustavo de 4 anos e Felipe de 3 anos.

Sim, eu engravidei de outro e o primeiro ainda nem engatinhava, rsrs.
Sonhei a vida inteira em ter filhos, era a meta mais importante da minha vida, mas a endometriose e os ovários policísticos não iriam me deixar seguir com tanta facilidade. Mas acho que isso é assunto pra um post inteiro.

Hoje vim falar de outra coisa. Meu amor pela maternidade e os parâmetros que eu estabeleci para ser a mãe que eu sempre desejei ser.

Desde que os meninos nasceram, um amor infinito e arrebatador me consumiu por inteira. Não foi de imediato, mas depois conto sobre isso também rsrs.

Sempre fui uma pessoa muito racional, controladora em relação aos meus sentimentos e sempre deu muito certo ser mais realista e menos sentimental. Mas com os meninos muita coisa mudou. Meu lado realista fez uma lista de coisas que eu queria e não queria com a maternidade.

  • Queria muito ficar barriguda e com "cara de grávida";
  • Jamais, em tempo algum ficaria vestida como um saco de batatas e nunca estaria descabelada;
  • Não seria escrava da maternidade;
  • Não iria me submeter às birras;
  • Iria criá-los da forma que lhes desse mais liberdade de pensamento, independência e responsabilidade;
  • Seria amorosa e carinhosa como jamais imaginei ser;
  • Seria justa, mesmo que isso causasse conflito;
  • Seria dura em relação a educação e no que eu imagino ser importante, para criar melhores homens para o futuro;
  • Fotografar e filmar tudo que eu conseguisse;
  • Eles seriam melhores amigos, parceiros em tudo;
  • Não daria privilégios para um ou outro, seria a mesma mãe para os dois;
  • Seria a melhor amiga deles, dentre outras coisas.
É claro que nem tudo deu certo.
Mas a liberdade de querer ser o que eles quiserem, a independência pra fazer as próprias coisas sozinhos e a responsabilidade, que para tudo que se faz tem uma consequência, já estão bem claros nesses pequenos seres aqui de casa.
Tenho dois exemplares COMPLETAMENTE diferentes no quesito personalidade, mas com IGUAL responsabilidade.

Cada um arruma seu material da escola, carrega sua mochila e cuida de seus pertences, se vestem, fazem seu próprio leite com chocolate pela manhã, tomam banho sozinhos, arrumam o quarto; se derrubam algo no chão, a primeira coisa que fazem é pegar um pano pra limpar (tudo evidente, com a minha supervisão, que eles nem sabem que existe e eu prefiro que seja assim. Eles tem a real impressão que fazem sozinhos).

Dentro desse pensamento, coisas muito doidas já aconteceram. Um dia estávamos em casa e o Guto reclamou que o Lipe estava muito fedorento. Ele tinha feito cocô na fralda.

Eu, num tom de brincadeira, disse então: vai lá e troca a fralda do irmão!
Ele nem pensou em dizer não, pegou todos os ítens necessários para isso... Lenço umedecido, fralda limpa, pomada... Tudinho e trouxe para o colchão que estava no chão da sala.

No mesmo momento eu liguei a câmera para fotografar. Logo que ele chamou o irmão para deitar e trocar a fralda, eu passei de foto para filmagem e fiquei sem interferir em nada, só filmando.

E o Guto, metódico e organizado como sempre, começou o ritual de troca de fralda com muita calma e concentração. O Lipe com toda sua energia ja deitou para trocar a fralda querendo levantar e agitar um pouco mais.

Guto tirou as tiras da fralda e quando foi pegar o lenço para limpar a sujeira do Lipe, este se virou de repente e levantou, começou a cair e levantar no colchão carimbando tudo que estava pela frente... Em meio a uma crise de risos e meu objetivo de continuar filmando, gritei o marido que estava no quarto.

Quando ele se deparou com a cena começou a gritar e andar de um lado para outro sem conseguir fazer nada. Eu ainda rindo e filmando continuava sentada para não perder nada.

O Guto paralisou, não fazia nada, não ria, não chorava, não corria não fazia nadinha, quando o marido saiu do surto e conseguiu pegar o Lipe e levar direto pro chuveiro.

No final o Guto só conseguiu dizer:

MAMÃE, DEPOIS QUE O IRMÃO FIZER COCÔ DE NOVO, VOCÊ SEGURA ELE PRA MIM????

Com tudo que a maternidade me proporcionou dias bons e ruins, eu não poderia ter feito melhor escolha.
 

terça-feira, agosto 19, 2014

A HORA DE DISCIPLINAR - APRESENTANDO: FILHO DO MEIO


Toda família grande passa por desafios incontáveis. Aqui não seria diferente. Três filhos representam três universos diferentes, distintos e díspares (apelando pros sinônimos). E quando a gente afirma que cada ser humano é um universo, não é de brincadeira. Agora,  amplie esses universos para mundos em formação, cujo Deus onipotente e absoluto é você.

Isso, é você mesmo. Esse que está lendo aí. 
Não corre, não!  Você deve estar se questionando que nem você próprio está formado, como será capaz de se responsabilizar pelo universo alheio? É verdade. 
Acontece que nós pais não temos muito tempo para refletir sobre isso. A gente simplesmente não tem tempo. O que a gente pode fazer é ler a respeito, trocar experiências, tatear e testar muito sem nunca desistir. Assim como fazem os Highlanders.

Houve uma época em que eu e meus filhos estávamos passando por um período de adaptação, quando eu resolvi sair do emprego. Antes, essa convivência diária era relegada às creches. Então, eu posso dizer que ficava com a educação de fim de semana, já que dia útil era aquela coisa correndo, rapidinha.

No início eu fiz muita besteira. Andava gritando, me descabelando, praguejando, botava de castigo, ou deixava o pau quebrar, porque né? Evitava bater... ainda assim, meu filho do meio, o Sr. Cabeça de Bolinha, andou ganhando uns puxões de orelha e apertões. Os puxões de orelha eu aprendi com marido. Não fui criada com puxão de orelha, só com apertões. Ele talvez sim. Fato, é que foi horrível esse período. Sem contar, que as crianças passaram a se tratar na base dos berros. Tudo era grito! A casa ficou um inferno. Eu gritava, eles gritavam, marido gritava. 

Claro, toda essa gritaria não veio do nada. Era um reflexo do período de dificuldades que vínhamos passando. Marido então, não estava acostumado a lidar com tanta dívida e privação, por isso se irritava por qualquer coisa.

Eu decidi acabar com a tempestade. Além de estar vendo e sentindo na pele a reprodução dos meus erros, me digam, quem é que gosta de viver debaixo de um inferno diário? Pois é.
Comecei diminuindo o tom, sento mais coerente nos castigos, menos egoísta com eles, porque né, as crianças precisam da nossa atenção de verdade e não só no papel. Então a modificação partiu de mim e mais uma vez foi contagiando a família. 
Por fim, marido melhorou e todos foram se equilibrando.

De qualquer forma, eu tenho uma dificuldade quando o assunto é disciplinar. Estou acostumada a falar grosso e ser ouvida. Tanto Pacotinho, quanto Dona Miúda entendem no olhar, embora não obedeçam de imediato, maneiram o tom. Mas o Sr. Cabeça de Bolinha nunca foi assim. Ele faz o que tem vontade. Você pode secar o moleque, soltar raios laser por todos os orifícios do corpo, pode fazer o jutso do punho suave*, que não adianta. 

Outra coisa que ele repudia é papo sério. A coisa mais difícil que existe, é você conseguir prender meu filho do meio num sermão. Tem que ter o dom. E eu não tenho. Aliás, tenho imensa dificuldade em fazer essa criança ficar ouvindo meu sermão. Eu literalmente caio na pilha, meio que desisto e por fim dou castigo.

Ontem mesmo passei vergonha na padaria. O Sr. Cabeça de Bolinha está naquela fase de falar o que lhe dá na telha, sem olhar a quem ou onde.  Então na padaria, estávamos comprando mortadela Ceratti, a melhor mortadela do mundo na minha opinião e a qual andamos privados de comer, já que a situação financeira apertou. 
Bem, estava tão animada, que sem perceber, comecei a quase dar pulinhos de alegria. A padaria é um ovo, ao que o menino solta no meio de todos:

SR. CABEÇA DE BOLINHA - Mãe, tá se balançando por quê? Das duas uma, ou você quer fazer xixi, ou vai botar um ovo!

Olhos arregalados dos presentes me encaram.
Ele tem 7 anos e claro, não faz a menor ideia do significado do que estava dizendo. Ele, que já estava de castigo por não ter me atendido de manhã,  ganhou mais um dia. Mas esse não é o ponto fraco do Cabeça de Bolinha. Eu deveria ter ficado atenta. O ponto fraco dele é DR. E ele deve ter puxado a mim, porque detesta discutir a relação. E foi exatamente isso que eu vi o pai fazendo com ele pela manhã, com absoluta maestria, coisa de quem tem o dom mesmo. 

Aliás, eu preciso ajoelhar no milho todo dia e agradecer o marido e pai que dei às crianças. Ele sabe atuar exatamente na lacuna que eu deixo, quando o assunto é disciplina! Veja bem, não levantou a voz, não gritou, não puxou orelha. Ele simplesmente com o tom calmo, pegou na mão do filho, que naquele momento se comportava como um peixe ensaboado, tentando fugir a todo custo; pediu que o olhasse nos olhos e repetia o sermão.

O Sr. Cabeça de Bolinha olhava pro chão, olhava pro teto e se recusava a encarar. Enquanto o pai segurava sua mão firme, mas com a voz suave, enumerando tudo aquilo que ele deveria mudar, conclamando-o a se colocar no lugar dos outros, mostrando a ele, como ele andava exigente conosco e com os irmãos, desrespeitando a todos e no entanto, não fazia a sua parte. 
Nem comigo marido fala desse jeito!

E deu resultado. 
Impressionante! Uma conversa de mãos dadas, olho no olho, deu mais resultado que todos os meus castigos juntos. 

O Sr. Cabeça de Bolinha ficou um tempo ali no quarto vendo desenho, depois ao se levantar, avisou que tomaria banho, a seguir se vestiu sozinho para a escola, como ainda tinha tempo, foi bater uma bolinha no playground, voltou e ficou brincando sem se alterar ou brigar com os irmãos. 

Em contrapartida, pedi também aos outros que respeitassem esse momento dele. Que não o provocassem ou implicassem. 

Como vocês podem ver mamães, os papais de hoje têm muito a nos ensinar. 
Mãos dadas, olho no olho e carinho na voz. 
Anotado.  

*Jutso do Punho Suave - Técnica ninja mostrada no anime Naruto Shippuuden, onde o personagem Neji, luta quase sem encostar a mão em seu oponente, utilizando quase exclusivamente a força de seu chacra para derrubar o adversário.

domingo, agosto 17, 2014

BIBLIOTECA PARQUE - HOJE É DIA!



A cada 15 dias, sempre aos domingos, eu levo as crianças à Biblioteca Parque Estadual no Centro da cidade do Rio. Assim como muita gente, não fazia ideia de que esse lugar existia, muito menos que era parque ou por quê assim era chamada.

Fato, é que por conta de um outro projeto que os meninos participam, acabei descobrindo essa maravilha. Foi através propaganda boca-a-boca que cheguei nesse lugar.

Para começar, elas são um projeto do governo estadual e eu juro que não estão me pagando nenhum centavo para falar bem. É que eu parto da premissa de que o que é bom, deve ser divulgado.  Digo elas, porque existem outras pelo Rio (em Manguinhos, na Rocinha e Niterói). Hoje especificamente vou falar da que fica no Centro.

Para chegar é muito fácil. Dá pra ir de carro, de ônibus ou de metrô, já que ela fica bem ao lado do Campo de Santana, perto da Central do Brasil, perto do Palácio Duque de Caxias. Dá pra ir inclusive de bicicleta, já que aos domingos a cidade fica vazia e de quebra, tem um espaço reservado para guardá-las. São 40 vagas no total.

Na foto acima, vemos o Sr. Cabeça de Bolinha despojado no espaço destinado a se guardar as magrelas. Sentou ali e pediu gentilmente:

SR. CABEÇA DE BOLINHA - Mamãe, tira uma foto?

Que tipo de mãe resiste a um pedido desses, ainda mais com as várias possibilidades que o lugar te dá para fotografar? Pois é, eu estou viva! Não resisto mesmo. Saio clicando igual a uma turista japonesa, tudo o que vejo pela frente. E é cada coisa, leitores! Não dá pra aguentar. 

Nesse dia, tinha gente bonita e descolada fazendo reuniões nos espaços e salas destinadas a isso. E tem. Se você é uma start up por exemplo, encontra nesse lugar um espaço para fazer reuniões. Basta se cadastrar.


Outro local irresistível é o espelho d'água. Lindo  e convidativo, ao menos as crianças da minha família enlouquecem com esse monumento e todas as poses mais esquisitas e inusitadas aparecem. E lá vou eu tirar mais foto, porque né? Sou dessas, não seguro a onda mesmo!

Pacotinho foi apenas na segunda vez em que estivemos lá. Confesso que ele ficou super eufórico com a ideia da visita, pois há muito vinha mostrando esse desejo de conhecer uma biblioteca. Como ele só tem acesso à da escola, ficou bastante ansioso. Então chegou a não se comportar muito bem, correndo pelo espaço, subindo onde não deveria e basicamente, correndo até eu dar um "guenta" e fazê-lo voltar à realidade de seus 11 anos, ao invés dos 4 anos que mostrava sua personalidade.


Lugar para descanso e ócio também tem de montão. Seja nos bancos de madeira que fazem a gente pensar que está dentro de um caixote, seja nessas espreguiçadeiras ou do lado de fora na área destinada a um lanchinho. Onde quer que você visite, dá vontade de sentar, pegar um livro ou revista e se esquecer das horas. E foi justamente com esse propósito que a decoração foi feita. Ela te convida a se esquecer das horas e quase consegue fazer isso com o celular, não fosse a compulsão por fotos, que também te move a fotografar cada canto e compartilhar nas redes sociais. 
Seria uma jogada de marketing essa dualidade?


Agora vem a melhor parte! Na entrada lateral, tem um espaço especial e exclusivo para as crianças. Esse cantinho só deles, permite que pulem, corram, leiam e se divirtam sem aquele peso de censura, que muitas vezes nós adultos impomos, para não incomodar quem está em volta. 

Tem quadro negro, tem um aquário cheio de pufs de vários tamanhos e cores, onde a gente pode se largar literalmente e sem medo de ser feliz!


A antessala é composta por uma recepção, onde se registra nome dos pais, da criança e o telefone. Ali, todos ganham uma pulseirinha pro caso de se perderem. Portanto, mamães que como eu se distraem fácil, podem se distrair à vontade, pois caso seu filho abra o berreiro junto à recepcionista, ela fatalmente vai te ligar. 

Isso não é desculpa, tá? Estou indo pela terceira vez e nunca perdi uma criança sequer! Portanto, atenção ao seu filhote sempre. Não dá pra descansar, né? Pois o pior não é se perder ali dentro. Como o local é público, todo o tipo de gente tem acesso e é aí que mora o perigo!


Para fazer retiradas é bem tranquilo. É só levar RG, CPF e comprovante de residência, para um cadastro online. Ali, quase instantaneamente você recebe sua carteira provisória. 

Não sai definitiva ainda, porque estamos em época de eleição e mudando a gestão, pode ser que mudem algumas regras. Em todo caso, entendi que as regras se restringem a layout ou coisa parecida. Nada que vá implicar na qualidade do serviço prestado, assim espero.
Pode-se retirar dois livros por vez e o tempo de permanência máximo é de 15 dias.

SERVIÇO

A Biblioteca Parque funciona de terça à domingo, das 10 às 20h.
Av. Presidente Vargas, 1261, Centro – Rio de Janeiro – RJ
CEP 20071-004
Tel: 2332-7225

sexta-feira, agosto 15, 2014

ENCONTRO DEL VALLE #OSegredoEOCarinho COM SAM SHIRAISHI


A Sam Shiraishi, blogueira, mãe de três, ativista cibernética, promoter de encontros maternos e um monte de adjetivos que não são suficientemente bons o bastante para descrevê-la, me convidou para participar de um encontro promovido pela Del Valle, ontem no Shopping Village Mall, na Barra da Tijuca, aqui no Rio.

Sam ou @Samegui, é paulistana e viria ao Rio palestrar e dar um monte de abraços no bando de amigas virtuais que ela conseguiu juntar, graças também à comunidade Mães (e Pais) com Filhos, onde atua como moderadora no Facebook. 

Todos apresentados, certo? Então já posso contar a minha odisseia. Ao me convidar, ela falou as palavras mágicas: Cinema, encontro, abraços e embora não tenha dito, o 0800 estava subentendido. É gente, vamos assumir, ando numa fase menos abastada e não é segredo pra ninguém, por isso mesmo, aceito até programas que incluem injeção na testa, desde que a vacina seja gratuita. Daí que confirmei presença, juntei a cara, a coragem e as crianças e fui sem marido mesmo, já que ele estaria trabalhando.

Desde que me tornei mãe, venho perdendo a mão com eles. Sei lá, eles entendem o que eu digo, mas andaram pegando intimidade demais, não querem fazer muito o que eu digo. Ainda que eu grite e engrosse a voz. Não quero bater. Doi muito mais em mim, não tenho vocação para masoquismo, portanto não bato. Mais! Me inspirando na própria Sam, que bate um papo na véspera de sair de casa com as crianças, explicando o programa e talvez, padrões de comportamento, fiz isso aqui também pra ver se colava.

Então chegamos pontualmente às dez no local combinado, ali pude conhecer algumas participantes do grupo da Sam, as crianças iam bem até então, incluindo Dona Miúda, que arrumou um amiguinho fofo para brincar até a chegada da família Shiraishi, sem maiores confusões. Os meninos também se enturmaram logo e não deram trabalho. 

Quando a Sam chegou,  rolou um alvoroço, porque ela é linda, super eloquente, os filhos são uns doces e a relação deles, parece tão próxima a nossa sabe? Mesmo a muitos quilômetros de distância. Mentira. Os meninos dela não disputam nada, não saem no tapa, porque andei batendo um papinho com o mais velho (eles são calmos!). 
Os meus filhos até se comportaram bem a maior parte do tempo e eu me pergunto, Senhor, por que os 20% em que eles se comportaram mal teve um super peso sobre todo o resto?

Por exemplo, durante a abertura já na sala de cinema, Dona Miúda ficou fazendo "Xiiiiu, para de falar!" para as crianças que falavam entusiasmadas, super alto pra todo mundo ouvir (só porque eu pedi que ficasse quietinha, pois eu queria ouvir a Natércia e a Sam falando), fora as várias vezes em que foi ao banheiro, que apesar de ter me dado trabalho e me impedido de ver o filme (O Que Será de Nozes?) direito, nem poderia considerar, já que ela é pequena e tomou suco pelos cotovelos, né Del Valle?

Os meninos nunca tinham ido a um cinema cujas cadeiras de couro reclinam. Daí vocês imaginam a euforia ao subir e descer a cadeira várias vezes, até a novidade deixar de ser interessante. Até que nem foi tanto, mas a Miúda, cruzes! Nem eu prometendo castigo de Frozen sossegava nessa cadeira e olha que ela ama filmes!

A gente sente que o caroço estava por desandar, quando no final do filme, Pacotinho resolve pegar os sacos de pipoca que sobraram nas cadeiras vazias. Não todos. Dois pra ele e um pro irmão. Como se o mundo fosse acabar e ele pudesse sobreviver de pipoca. 
Foi surpreendido por uma taça de sorvete na saída, ficando com aquela cara de pipoca amarela, pois não tinha mão para segurar tanta coisa. Claro, nessas horas eles ignoram solenemente nossos olhares soltando raios laser. Pra que servem mesmo?

Ainda teve direito a corrida like a ninja pelos corredores entre o banheiro e salas de cinema, pessoas me olhando e eu com cara de perdida dizendo:

EU DIZENDO - Rárárá, eles são ninjas! (os ninjas correm com os braços esticados ao longo do corpo, realizem!)

Com Cris do Prosa de Mãe
Na boa, não sei como elas conseguem.
Não consegui concluir uma conversa sadia, não deu pra tirar selfie com a Sam, porque acabou a bateria do Iphone, não consegui fazer fotinhos com os três filhos, porque quando tirei com um, os outros dois estavam sumidos, perdi as crianças algumas vezes de vista e deu um trabalhão pra juntar todos, além da angústia, fui a vários banheiros e várias vezes, não escutei o que a Sam disse e nem vi o filme como gostaria.

Sobre a hashtag, serei absolutamente sincera! Eu não sei como a gente aguenta ter carinho depois de tanta loucura. 
E tem. O pouco do que pude ouvir do que foi dito, é que a gente pode através de gestos, fazer uma marca que eles carregarão pro resto da vida. Que eles seguirão nosso exemplo por onde forem. 
Eu sei que isso é verdade, pois o melhor exemplo que eles dão, é quando estão longe de mim, na companhia dos amigos e dos pais deles. Sei que todos os três são muito benquistos por todos, pois os adultos que convivem com eles, nos dão esse feedback. 

Sobre a marca, eu quase deixei uma marca no braço do Sr. Cabeça de Bolinha, que resolveu atravessar o estacionamento sem dar a mão, bem na frente de um carro, que por sorte ia devagar. 

Te contar, numa hora dessas, eu sempre penso que estou fazendo algo errado, porque eles não querem saber, apenas fingem que me escutam. 
Acho que também faz parte do trabalho de mãe não presenciar o fruto de seu investimento. Eu penso muito nisso de vez em quando. Como se fosse possível apenas aos outros ter o privilégio de ver esse lado bom, carinhoso, sem loucura ou ansiedade.

Bem, é claro que eu também vejo. Claro que dou muito abraço, carinho, colo, aconchego e conversa. Claro que eles prometem ser crianças melhores! Inclusive, Dona Miúda sempre promete que nunca mais fará nada de errado de novo. 
E claro, eu me amparo nesse amor, porque apesar de toda loucura, toda luta e todo stress, eles são a melhor parte de mim.  

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